A você que se pergunta quem sou eu, para
escrever tantas tolices, eu diria o seguinte: eu sou eu mesmo e minhas próprias
circunstâncias, e não o que um publicitário qualquer, em Nova Iorque ou em
Londres, pensa ou diz que sou!
“Um
aluno, um professor, um livro e uma caneta podem mudar o mundo!” — Disse a jovem
paquistanesa Malala Yousafzai, símbolo da resistência contra o “taliban”,
depois de sobreviver a um ataque em Outubro de 2012. (Para conhecê-la, visitem
o endereço: http://www.publico.pt/mundo/noticia/malala-esteve-na-onu-e-apelou-a-educacao--para-todos-e-a-tolerancia-1600126)
Aluno sempre serei... Professor não tenho
capacidade de ser, mas escuto os meus mestres... A caneta é o meu computador...
Só me falta acreditar que posso mudar o mundo. Mas “esse cara sou eu”.
Na verdade, sou fruto do que li e do que
vivi, sou filho dos meus sentimentos, medos, desejos, senso ético, herança
genética, exemplos familiares e interações sociais, sejam essas experiências
positivas ou negativas. Não sou santo, nem demônio, na verdade sou um pouco dos
dois, meio Doutor Jekyll, meio Senhor Hyde.
Sou essa “metamorfose ambulante”,
indefinível, meio louco, por vezes insensato, que mistura Machado com Proust,
mas não se esquece de Sartre; que almoça com Victor Hugo e janta com Kafka; que
sonha com Freud e se alimenta de Saramago, mas celebra com Vinícius a “Receita
de Mulher”, e ainda sonha com aquela “Mulher sem Pecado”, de Nélson Rodrigues,
trajando, quem sabe, o seu lindo “Vestido de Noiva”.
Acreditem no que vou dizer: eu sobrevivi ao
“Ulisses”, de James Joyce, fui ao “Inferno”, ao “Purgatório” e ao “Paraíso”,
com Dante, conheci o amaldiçoado “Doutor Fausto”, de Goethe, e o doce “Menino
de Engenho”, do tristemente esquecido Zé Lins do Rego. Confesso, entretanto, que
aprendi a ler nos gibis e nos contos de Perrault, de Andersen e de Grimm, para
viajar com o “Pequeno Príncipe”, nas asas do “Correio do Sul”, na doce
companhia de Saint-Exupéry e seu pequeno avião. Na verdade, só queria passar
cem anos na solidão dos Buendía, com Gabriel García Márquez. Bem sei que estou
a meio caminho do fim, mas vou continuar nas trilhas do Rocinante, lutando
contra moinhos de vento, com o engenhoso Fidalgo Dom Quixote de La Mancha. Vou
expiar meus “crimes” e, quem sabe, receber o merecido “castigo”, com
Dostoiévski.
Não quero ser pretensioso, nem arrogante, mas
não troco a “Ilíada” e a “Odisseia” pelo Instagram, nem pelas fotos da última
balada. A culpa, bem o sei, é dos meus pais, que me enfiaram nos livros ainda
criança, “punindo-me” com educação e cultura! Agora é tarde para esquecer os
livros.
Eu quero é me deliciar com a “Divina
Comédia”, aprender, com Ivan Fiodorovitch Karamazov, que sou “plenamente
mortal”, que não existe ressurreição, para poder, enfim, aceitar a morte com
altivez e tranquilidade.
Compreender, finalmente, que não há razão
para reclamar que a vida é um só instante e que, por isso, devemos amar de
verdade, sem esperar recompensa.
Prefiro viver as angústias da guerra e da
paz, com Leon Tolstói, do que perder tempo com as “delícias” do Michel Teló.
Amo Baudelaire e Rimbaud, não tolero mexericos de aldeia e desprezo quem
procura a minha alma no tênis que calço, imaginando que os caminhos da minha
existência foram traçados pela Nike, em alguma fábrica da China.
Que me perdoe o Rei Roberto Carlos, mas “esse
cara sou eu”, ser humano cheio de falhas, quase sempre solitário,
permanentemente insatisfeito, que nasceu para ser apenas humano, alguém que se
olha no outro, para ver a si mesmo!
Estou longe da beleza de Apolo, não tenho a
força de Hércules, nem conheço os caminhos do coração feminino e, muito menos,
os segredos da sedução!
Não tenho respostas, e mal comecei a
descobrir as perguntas, mas “esse cara sou eu”!
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