Logo mais publicarei um conto de autoria de meu avô, Hibernon Alves de Mello, pai de minha mãe, Overlinda Melo. Hibernon Mello
era filho do seringalista Luiz Francisco de Mello, que chegou ao Amazonas em
1886, em seguida vindo para o Acre, primeiro à região do Juruá, depois
estabelecendo-se nas cabeceiras do rio Jordão, de onde administrava seus
seringais.
Luiz Francisco de Mello teve dois filhos:
Hilarino e Hibernon Alves de Mello, os dois foram educados em colégio interno
de Manaus até a morte de meu bisavô em 1912.
Vovô escrevia muito bem. Fora homem que
recebera educação esmerada em grande capital, dado ser filho de seringalista, numa
época em que a escola era um privilégio de poucos. Minha mãe conta que ele era
muito inteligente, grande conhecedor de botânica e plantas medicinais.
O conto que publicarei chama-se “O belo
modelo”, e foi publicado em 1928 no extinto jornal A Reforma, de Tarauacá. No conto,
ambientado na cidade de Parnaíba, no Piauí, em 1868, ele discute a questão de
preconceito de classes, em que um jovem rico se vê intimamente ligado a uma
jovem pobre, que encontra à beira de uma estrada. É uma visão avançada para sua
época e seu contexto, embora tema comum na literatura.
Mas fora também um homem de contradições, de moral rígida. O Hibernon culto, de
pensamento avançado para sua época, fora o mesmo que não permitiu minha mãe
frequentar a escola, por ser longe, e mais tarde, quando minha mãe “juntou-se”
(fugiu de casa) com o grande amor de sua vida, vovô irá judicialmente
separá-la, pois não aceitava que sua filha se casasse com um negro.
Hibernon Mello nasceu em 1896 e morreu em
Tarauacá em 1977.
Um comentário:
Neto de peixe, peixinho é!
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