terça-feira, 27 de fevereiro de 2018

POEMAS DE JACQUES PRÉVERT

Alguns poemas de Jacques Prévert (1900-1977). “Grande poeta popular da literatura francesa contemporânea, Jacques Prévert esteve sempre voltado para as situações triviais do cotidiano e para o homem pequeno, impiedosamente massacrado pela rotina do trabalho e pelas engrenagens de uma sociedade que não favorece as aspirações legítimas do ser. Seus poemas, de construção simples mas rigorosamente elaborada, caracterizam-se por lirismo contagiante, meios-tons de humor, pitadas de sarcasmo e até mesmo pelo colorido inesperado de uma anedota.” 
Fonte: yamu
DIA DE FOLGA

Pus o meu quepe na gaiola
e saí com o pássaro na cabeça
Como é que é
não se bate mais continência?
Perguntou o comandante
Não
não se bate mais continência
respondeu o pássaro
Ah bom
queria me desculpar eu pensei que se batesse continência
disse o comandante
Está desculpado qualquer um pode se enganar
disse o pássaro. p.13


QUARTIER LIBRE

J'ai mis mon képi dans la cage
et je suis sorti avec l'oiseau sur la tête
Alors
on ne salue plus
a demandé le commandant
Non
on ne salue plus
a répondu l'oiseau
Ah bon
excusez moi je croyais qu'on saluait
a dit le commandant
Vous êtes tout excusé tout le monde peut se tromper
a dit l'oiseau.


DIA DE FESTA

Onde vai você meu menino com essas flores
Debaixo dessa chuva

Está chovendo está molhando
Hoje é o aniversário da rã
E a rã
É minha amiga

Ora menino
Bicho não faz aniversário
Ainda mais um batráquio
Decididamente se não o colocarmos nos eixos
Esse menino ainda vira um bom malandro
Por causa dele ainda vamos comer
O pão que o diabo amassou
Vive tendo essas ideias
E ninguém ralha com ele
Esse menino só faz o que lhe dá na telha
E nós queremos que faça o que dá na nossa

Oh meu pai!
Oh minha mãe!
Oh meu tio-avô Sebastião!

Não é com minha cabeça
Que eu ouço o coração bater
Hoje é sim o aniversário
Por que não podem entender?
Oh! não me puxem pelo ombro
Não me peguem pelo braço
Quantas vezes a rã me fez rir
E toda a noite ela canta para mim
Mas aí eles fecham a porta
Vêm falar-me suavemente
Eu grito que é dia de festa
Mas ninguém ali me entende. p.14-15


JOUR DE FÊTE

Où vas-tu mon enfant avec ces fleurs
Sous la pluie

Il pleut il mouille
Aujourd'hui c'est la fête à la grenouille
Et la grenouille
C'est mon amie

Voyons
On ne souhaite pas la fête à une bête
Surtout à un batracien
Décidément si nous n'y mettons bon ordre
Cet enfant deviendra un vaurien
Et il nous fera voir
De toutes les couleurs
L'arc-en-ciel le fait bien
Et personne ne lui dit rien
Cet enfant n'en fait qu'à sa tête
Nous voulons qu'il en fasse à la nôtre

Oh ! mon père !
Oh ! ma mère !
Oh ! grand oncle Sébastien !

Ce n'est pas avec ma tête
Que j'entends mon coeur qui bat
Aujourd' hui c'est jour de fête
Pourquoi ne comprenez-vous pas
Oh ! ne me touchez pas l'épaule
Ne m'attrapez pas par le bras
Souvent la grenouille m'a fait rire
Et chaque soir elle chante pour moi
Mais voilà qu'ils ferment la porte
Et s'approchent doucement de moi
Je leur crie que c'est jour de fête
Mais leur tête me désigne du doigt.


CANÇÃO DO PASSARINHEIRO

O pássaro que voa suavemente
O pássaro quente e vermelho como o sangue
O pássaro tão terno o pássaro zombeteiro
O pássaro que de repente sente medo
O pássaro que de repente se choca
O pássaro que queria fugir
O pássaro solitário e enlouquecido
O pássaro que queria viver
O pássaro que queria cantar
O pássaro que queria gritar
O pássaro quente e vermelho como o sangue
O pássaro que voa suavemente
É teu coração linda criança
Teu coração que bate as asas tão tristemente
Contra teu peito tão duro e tão branco. p.19


CHANSON DE L’OISELEUR

L’oiseau qui vole si doucement
L’oiseau rouge et tiède comme le sang
L’oiseau si tendre l’oiseau moqueur
L’oiseau qui soudain prend peur
L’oiseau qui soudain se cogne
L’oiseau qui voudrait s’enfuir
L’oiseau seul et affolé
L’oiseau qui voudrait vivre
L’oiseau qui voudrait chanter
L’oiseau qui voudrait crier
L’oiseau rouge et tiède comme le sang
L’oiseau qui vole si doucement
C’est ton cœur jolie enfant
Ton cœur qui bat de l’aile si tristement
Contre ton sein si dur si blanc.


SERÁ PASSATEMPO?

Escrever é um passatempo?
Sonhar é um passatempo?
Esta página
estava em branco
há poucos segundos
Um minuto
ainda não transcorreu
E agora eis a obra. p.34


EST-CE PASSE-TEMPS?

Est-ce passe-temps d'écrire
est-ce passe-temps de rêver
Cette page
était toute blanche
il y a quelques secondes
Une minute
ne s'est pas encore écoulée
Maintenant voilà qui est fait.


PRÉVERT, Jacques. Dia de folga. Sã Paulo: Cosac Naify, 2004.

domingo, 25 de fevereiro de 2018

A MORTE DE JURACY

Theodoro Rodrigues

A Domingos de Andrade

Desce as águas do rio imenso e espumejante,
vogando à correnteza a pequenina igara,
a cabocla gentil, a invencível amante
d’esta terra que o sol ardentemente aclara.

Na viva luz do olhar profundo e cintilante,
no colo rijo e nu, de uma beleza rara,
um misto singular de deusa e bacante,
a carne abrindo em flor, de volúpias avara.

Ninguém sabe dizer que destino procura...
nas tribos contam que, perdida de amargura
de um amor infeliz que há muito lhe fugiu.

abandonou a taba, o rumor dos palmares
e vai pedindo à morte a sombra de outros lares,
descendo, nua e bela, a corrente do rio.

Manaus, 904
Revista KOSMOS, setembro de 1904, Ano I, N.9

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018

FOTOS DAS PRIMEIRAS DÉCADAS DO ACRE (2.ª parte)

Material iconográfico referente ao Acre retirado da revista brasileira Fon-Fon, fundada no Rio de Janeiro em 1907, cujas publicações se estenderam até 1958. Torna-se, assim, mais material de apoio para a historiografia acreana.
Veja aqui a primeira parte
Fon-Fon, 25 de abril de 1914, Ano VIII, N.17 – FBN

Fon-Fon, 11 de abril de 1914, Ano VIII, N.15 – FBN

Fon-Fon, 25 de abril de 1914, Ano VIII, N.17 – FBN



Fon-Fon, 5 de setembro de 1914, Ano VIII, N.36 – FBN

Fon-Fon, 26 de setembro de 1914, Ano VIII, N.39 – FBN

Fon-Fon, 7 de novembro de 1914, Ano VIII, N.45 – FBN (Amanajós Araújo é um dos fundadores da Academia Acreana de Letras)

Fon-Fon, 15 de novembro de 1914, Ano VIII, N.46 – FBN

Fon-Fon, 16 de janeiro de 1915, Ano IX, N.3 – FBN

Fon-Fon, 6 de fevereiro de 1915, Ano IX, N.6 – FBN

Fon-Fon, 10 de abril de 1915, Ano IX, N.15 – FBN

Fon-Fon, 13 de novembro de 1915, Ano IX, N.46 – FBN

Fon-Fon, 29 de julho de 1916, Ano X, N.31 – FBN

Fon-Fon, 12 de agosto de 1916, Ano X, N.33 – FBN

Fon-Fon, 21 de julho de 1917, Ano XI, N.29 – FBN

Fon-Fon, 6 de abril de 1918, Ano XII, N.14 – FBN

Fon-Fon, 11 de maio de 1918, Ano XII, N.19 – FBN

Fon-Fon, 8 de fevereiro de 1919, Ano XIII, N.6 – FBN

Fon-Fon, 17 de janeiro de 1920, Ano XIV, N.5 – FBN

Fon-Fon, 31 de janeiro de 1920, Ano XIV, N.6 – FBN

Fon-Fon, 26 de junho de 1920, Ano XIV, N.26 – FBN

Fon-Fon, 13 de novembro de 1920, Ano XIV, N.46 – FBN

Fon-Fon, 24 de março de 1923, Ano XVII, N.12 – FBN

Fon-Fon, 8 de fevereiro de 1930, Ano XXIV, N.6 – FBN

Fon-Fon, 17 de maio de 1930, Ano XXIV, N.20 – FBN

Fon-Fon, 27 de julho de 1907, Ano I, N.16 – FBN

Fon-Fon, 27 de julho de 1907, Ano I, N.16 – FBN

Fon-Fon, 27 de julho de 1907, Ano I, N.16 – FBN