segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

CHUVA




Por Luiz Felipe Jardim

FLORA SONORA



 Dvd - Aldeia Sideral (2009)
Vocal: Pia Vila
Guitarra: Charles Sampaio
Violão: Paulo Nobre
Teclado: Fred Margarido
Bateria: Jorge Anzol
Baixo: Arthur Miúda
Composição: Luiz Felipe Jardim, Pia Vila e Beto Brasiliense

TIÃO NATUREZA pela guitarra de GERBSON MAIA

Interpretação das músicas “Diga lá, Rapaz” e “Ao Chico” do compositor e cantor Tião Natureza (1960-1991), versão Alberan Moraes, pelo guitarrista acreano Gerbson Maia.

domingo, 28 de fevereiro de 2016

“EX-MACHINA, INSTINTO ARTIFICIAL”, UM FILME FILOSÓFICO

Inês Lacerda Araújo


O filme do diretor Alex Garland, "Ex-machina, instinto artificial" (2015) é um desses filmes que o professor de Filosofia pode usar para debater questões como, inteligência artificial, diálogo homem/máquina, o poder da inteligência humana, a relação entre linguagem, mente, sentimentos, sexualidade, como nosso cérebro funciona, entre outras. Acrescente-se, um ótimo entretenimento, prende o espectador do começo ou fim.

Sendo ficção científica, mas sem a parafernália de seres de outro planeta, guerras interplanetárias, espaço sideral, poderosos veículos espaciais -, o filme é um convite à reflexão.

Cenário, uma casa comandada por computador, onde um cientista estilo Steve Jobs se isola para criar robôs femininas, que deveriam poder interagir com humanos, sob todos os aspectos, sensibilidade, inclusive a sexual, com vontade própria, compreensão inteligente da linguagem a ponto de dialogar e mesmo contestar o funcionário de sua poderosa indústria de programação inteligente, que é convidado (e obrigado) a testar a robô.

Como foi possível criar o cérebro de uma robô, cuja máscara é a de uma linda jovem? Até onde o incrível número de dados armazenados em seu cérebro seria capaz de reagir inclusive a emoções, planejamento, ter desejos, compreender o outro e suas intenções?


E o que intriga, como nós mesmos, nosso cérebro, nossas mentes funcionam? Como a linguagem se origina, e seu papel fundamental para todas as nossas ações, que, em sua maioria são atos de fala? Ao mesmo tempo, como criamos sensibilidade para arte, para as sensações? Qual a importância da liberdade de ir e vir, deixar de ser um autômato, e se transformar em um ser autônomo, capaz de agir de acordo exclusivamente com sua própria determinação?

E ainda, discutir o poder e o alcance da tecnologia, se um dia seremos suplantados por robôs, que, no entanto, são criação humana? Criador X Criatura, quem vence?

Finalmente, o que é "ser humano"?

Notem que Wittgenstein é citado, há referência à obra de artistas como Pollock, a questão de se nascemos com competência para falar ou se desenvolvemos tal capacidade com o meio e a educação (sem que o diretor mencione, trata-se de Chomsky e sua tese do inatismo, em contraposição à tese de que o cérebro nada executa sem o meio em que somos criados).

E o professor que vir o filme com seus alunos poderá levantar outras questões, sem precisar se preocupar com "cenas fortes", proibidas para menores, pois não as há.


INÊS LACERDA ARAÚJO - Professora de Filosofia durante 40 anos, na UFPR, e nos últimos anos na PUCPR. Autora de livros sobre Epistemologia, História da Filosofia e Teoria do Conhecimento. Atualmente aposentada.

sábado, 27 de fevereiro de 2016

CHARNECA EM FLOR

Florbela Espanca (1894-1930) 


Enche o meu peito, num encanto mago,
O frêmito das coisas dolorosas...
Sob as urzes queimadas nascem rosas...
Nos meus olhos as lágrimas apago...

Anseio! Asas abertas! O que trago
Em mim? Eu oiço bocas silenciosas
Murmurar-me as palavras misteriosas
Que perturbam meu ser como um afago!

E nesta febre ansiosa que me invade,
Dispo a minha mortalha, o meu burel,
E, já não sou, Amor, Sóror Saudade...

Olhos a arder em êxtases de amor,
Boca a saber a sol, a fruto, a mel:
Sou a charneca rude a abrir em flor! 
ESPANCA, Florbela. Poemas de Florbela Espanca. Estudo introdutório, organização e notas de Maria Lúcia Dal Farra. São Paulo: Martins Fontes, 1996. p.209

terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

DOIS POEMAS À DJALMA BATISTA

Djalma Batista
Foto: Gilma Limongi Batista, 
em sua página facebook
Homenagem ao Centenário do médico, escritor e cientista DJALMA BATISTA, nascido na cidade de Tarauacá, no Estado Acre (1916/2016), pelos seus relevantes trabalhos em prol da nossa Amazônia.

Em 1929, mudou-se para Manaus onde fez uma magnífica carreira. Na imprensa local, colaborou para vários jornais; presidiu a Academia Amazonense de Letras, foi vice-presidente do Conselho Estadual de Cultura (1968/1972) e diretor do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA). 

Em homenagem à sua memória uma importante avenida em Manaus leva o seu nome e a Escola Estadual Professor Djalma Batista. É pai do cineasta Djalma Limongi Batista. 

Publicou as seguintes obras:
O Complexo da Amazônia
Paludismo na Amazônia
Codajás – Comunidades amazônicas
Letras da Amazônia
Da Habitabilidade da Amazônia.


LÁGRIMAS AMAZÔNIDAS DE MISERICÓRDIA 
Gilberto A. Saavedra 

Um pedido de misericórdia, pelo ato do grande suplício da ‘Mãe Natureza’, que chora copiosamente em chão de lágrimas derramadas, em labaredas incendiárias vorazes, que queimam um gigante esverdeado.
Chamas da ganância
Chamas da cobiça
Chamas da destruição

Lenhas retorcidas de dores
Queimadas, numa lenta e agonizante morte
Numa inquisição de crueldade eterna
Como se ela, a ‘mãe das raízes’
Estivesse num soluço profundo
Invocando os seus murmúrios de agonia
Em assobios em ventos uivantes
Que suplica clemências aos céus
Para que sangre com sua flecha prateada
O algoz humano sem perdão
Sucumbindo-o ao fogo do inferno
E às suas frias e escuras trevas.


DJALMA BATISTA 
Isac de Melo 

Em mil novecentos e dezesseis
Em Tarauacá nasce o humanista
Ilustre Djalma da Cunha Batista
Escritor acreano de grande altivez
Cursou medicina e por sua vez
Brindou a Amazônia com dedicação
Saúde, cultura, melhor condição
Em prol dos valores sócio-culturais
E em setenta e nove descansou em paz
deixando-nos frutos da sua visão