Iury
Aleson, da nova geração de poetas acreanos, dentro do marasmo de vozes, traz
uma que já apresenta traços singulares, não porque anuncia verdades inéditas,
porém, porque retira do lixo da moralidade da sociedade de bem, o material
fértil e subversivo de sua poesia.
Pelo
tom desbocado, de palavras nuas e cruas, num estilo libidinoso e provocador, define-se,
às vezes, como poeta pornográfico.
A
partir da leitura de seus poemas, observa-se uma voz inquieta, rebelde, angustiada,
até. A exemplo da metáfora kafkiana da barata, percebe-se um bicho estranho
frente à normose dos que o cercam, e de uma sociedade que está pronta para
esmagar todos aqueles que não se encaixam aos seus padrões comportamentais e de
moralidade, tantas vezes, ironicamente, imorais por si só.
Certamente
é uma voz que começa a se firmar, que tende a se expandir, conforme se expanda
a maturidade humana, literária e intelectual do poeta. Sua prosa e seus versos,
que emergem do singular e particular, apontam sempre para o universal, pois as
angústias, os anseios, os sonhos, a liberdade, o sexo... fazem parte dos
sentimentos comuns recorrentes a toda a humanidade.
Iury Aleson (1995) é natural de Rio Branco. Participou, em 2015, da “Coletânea Poética”, promovida pelo Núcleo de Atividades De Altas Habilidades/ Superdotação, com mais alguns estudantes com Altas Habilidades. No ano seguinte, 2015, publicou seu primeiro livro “Café, Metáforas e Poesias”. Tem, também, participado de antologias, além de se valer do uso das mídias sociais para promover e difundir seus textos literários.
Sob o Acre
Certo amigo de São Paulo,
Certa tarde,
E certo de que eu tinha cabeça pra falar do Acre
Me perguntou com certo alvoroço,
E eu o cortei.
Não sou um poeta do Acre
Eu disse, mas acho que já quis ser!
Brinquei que era bardo,
Sem saber tocar ou escrever.
Deixei a pica pra Tomás Maia!
E se perguntarem de poesia
Pergunto: é de comer?
Acho gente “inteligente” um saco
A gente não consegue conversar nem um décimo de milésimo
Que já vem o sono
Também tenho preguiça de ler Escritores de verdade!
Gosto dos covardes
Preguiçosos que nem eu
E certamente não leio escritores, Deus me livre!
Leio amadores e entusiastas
Gente que destes sempre sou o menor,
Muito por imensurável nível e escolha,
Pois tudo que escrevemos é ridículo, portanto, iníquo!
Já que poeta é quem ousa.
Meu amigo ficou a me olhar calado
E desliguei a vídeo chamada no ato.
Uma semana depois me procurou e perguntou irônico:
Como é que vai a poesia? E o Acre?
Tentando existir por uma ponte, eu disse.
E a poesia? Nunca nem vi.
[Escrito durante uma conversa de bar com o poeta Tomás Maia]
Tem mais não.
Iury Aleson
Aos amigos Poemeto...
Escrevi uns poemas fodidos,
E meus amigos riram
E o riso deles me deixou feliz
Sento e fumo o último cigarro
Não tenho dinheiro pra comprar mais.
E os últimos sete reais são pro ovo.
Me martela a frase do Marcos:
"Poesia não enche barriga"
Mas é a minha vida, irmão!
E nem só de pão,
Nem só de pão!
Mas me calo.
Fico acordado e falo com Tom,
Com a Vanessa...
Choro com a Day e pra Day
E escrevo pra Day e amo a Day
E depois das quatro durmo
E acordo de noite, vou pro curso,
E choro, me sinto fraco,
Mas ando e ando e ando
E manco e como e deixo comer
E faço rir e leio e acho chato
E acho incrível, incrível!
Tudo que o Zé Danilo
E a Adriana e a Paris e o Wilson e o Guanais
E os discos que o Andri analisa
E o Armando em toda saída
E penso em poesia o tempo inteiro!
Me deito e agradeço a Deus,
Mesmo ele existindo.
E tenho medo,
Principalmente do que escreverá sobre mim o Isaac,
Escrevo e passo o lápis
E desenho sacanagem,
Penso muito nisso...
E penso em falar com a mãe,
Mas sou durão igual o pai.
E escrevo e publico e posto e me irrito fácil
E falo algo sério, mas não me levo a sério
E depois caio de quatro enquanto preparo o livro
E aí mordo de leve
E chupo e sugo e lacrimejo
E engulo e ele nem diz se foi bom,
Porque gosto quando ele diz,
Mas ele não diz.
Então saio pra caminhar
E fico achando uma merda
Porque ele acabou.
Meu poema... e vocês são fracos demais pra ousar lê-los.
Tem mais não.
Iury Aleson
Refutando a Consciência do Promíscuo
Você vai pras redes
E escreve... o que todo mundo escreve.
Se expõe, acha que é autor,
E te dizem o óbvio
Porque todo mundo é escritor.
Lê Hilda e depois mete,
Esquece que o 7 foi pintado lá atrás.
Gullar morreu e levou consigo a poesia
O verdadeiro poema sujo
Que tu tenta desesperadamente,
Mas quanto mais tenta
Mais falha!
Não encontrará...
Tu só presta quando imita
Não há nada autêntico na tua escrita
Tu nunca vai ser Hilda
Nem o Nelson, nem o Miller,
Nem o Buk com que estranhamente te agridem.
Ha mais poesia no funk
Que na tua literatura!
Isso só mostra o quão importantes
São os textos que tu rascunha
Eles não sabem quem tu é!
E jamais o vão saber.
Aí se junta a essa cambada maldita e burra e enfadonha e que caça e paga e não
te lê!
Mas dá risada com os amigos
(também sub escritores)
Do que tu acha que é arte,
Mas convenhamos, é só putaria.
Tu não é artista
Se toca, até parece que vão levar a sério a tua poesia!
Nada levam... E nunca foi pra ser.
Nunca se tratou disso!
Só das contas, do desemprego e dos meninos que te mostram o umbigo
E estranhamente sonham com teu dedo.
Mas tu bloqueia.
Té é doidé?
O que tu quer?
O tu faz?
Por que tu tenta?
Por que???
Eu quero entrar, merda!
Eu preciso saber por quê?
Por que tu sonha?
O quê que tu acha que vai conseguir?
Pra quê escrever o que ninguém atesta?
O que os teus próprios amigos não leem e não vão ler!
Não há nada especial no teu trabalho.
Nem dentro de ti.
Não há nada...
Tu não é nada...
Não ganhou nada...
E não vai ganhar...
Tu escreve e não gosta
Cê devia parar...
Mas tu só disse o que eu já sou.
Tu só me descreveu
Só falou o que eu já sei
Eu escrevo porque sou gay
Porque sou filho da dona Cremilda
Porque sou filho do meu pai
Eu escrevo porque não vai.
E o inútil é a maior ereção dos pervertidos!
Tem mais não.
Iury Aleson
Cartas de Uma Sedutora
Não vire a noite escrevendo, Iury!
Vai salientar e escurecer tuas olheiras
E tu vai perder o dia, dormindo
Pra acordar cansado e ansioso.
Cê devia transar,
Mas não quer porque é doido,
Seu doido!
Não existe outro doido
Só tu e o teclado
E isso que tu chama de poesia
Está só.
Lê só.
Escreve só.
E ama, ainda ama,
Eu sei, bem lá no fundo.
Não mente pra mim!
Tô com medo de tu.
Tu antes me escutava
Antes eu era poesia
Agora tu que é.
Então para e volta
Se cuida, não se mata!
Mas morreu...
Mirror é uma vadia,
Que eu fodo a boceta!
E esfolo a minha pica
E tiro a camisinha
E gozo na cara dela
E ela pede a calcinha,
Mas não dou.
Vou mijar e volto de pau duro
E enterro no cu dela
Ela diz, vai devagar amor,
Mas eu não vou.
Eu meto e enfio
A caneta na pele
O dedo no fiofó
Uma mordida...
E ela pega minha mão
E molha na buceta dela,
Pois ela tá molhada
Eu tiro a Vênus, não ponho outra
E meto no priquito
Vou te engravidar, musa antiga!
Vou tatuar as paredes da tua cona
Vou cheirar teu pelo puritano
Linguar teu grelo
Sentir insano!
Sentar pra te ver batendo siririca
Gosto dos pelos da tua vulva
Gosto de foder nas pernas lisas
E sentir o teu suor escorrer,
E suar meu corpo de você,
Que goza o quanto quer!
Eu me esforço, me recupero,
Fico duro e chupo teu pinguelo.
E tu delira, me sinto mais homem
Quando a poeta quica safadinha
E diz que gosta
Que quer voltar
Mas eu não deixo, não vou deixar!
Mirror morreu no ensino médio,
Mas manda cartas
De uma distinta sedutora
Que morde e chupa minha rola
E suga até leitar a leitora que leu e se acha escritora
Vai publicar!
Pois mulher escreve mais que homem
E eu gozo toda vez que pegam nela
E sinto o cheiro
Do peido da boceta
De todas as moças do planeta
Embora literalmente não as coma.
Tem mais não.
Iury Aleson