Isaac Melo
“A característica
definidora da literariedade de um texto é sua habilidade para desfamiliarizar,
ou fazer estranho para nossos hábitos normais de percepção, a linguagem
habitual que nós usamos para descrever o mundo. É o “estranhamento”.”
Rogel Samuel
in Novo Manual de Teoria Literária
Conclui
empolgado a leitura de Novo Manual
de Teoria Literária (Vozes, 2002). Rogel Samuel,
além de grande romancista, como se revelou em O Amante das Amazonas (Itatiaia, 2005, 2a edição) e Teatro Amazonas (Edua, 2012), é um exímio crítico literário e estudioso de literatura,
com vários trabalhos publicados. Apesar do nome “Manual”, à primeira vista,
assustar, é um livro de linguagem acessível e cativante, sem, no entanto, deixar de ser
profundo e acurado. Aliás, por saber que ele vem da pátria das águas, é
oportuna a metáfora dos rios amazônicos para falar de sua escrita, a saber, por
cima, revelam-se calmos e plácidos, porém, ao mergulhá-los, revelam-se densos,
fortes e profundos.
O livro
compõe-se de oito capítulos, indo desde os conceitos básicos da teoria
literária até as teorias “pós-modernas”. Ao final, fica-se com o gosto de quero
mais, tal o modo como o autor torna cativante o tema e, consequentemente, a
própria escrita. Coisa que não é tão fácil, pois toda teoria traz em si aquela
sensação de carga pesada. O que de fato é pesada, mas no caso do Rogel, o peso
é compensado pela beleza da paisagem que ele nos oferece ou nos remete. O capítulo,
por exemplo, dedicado à análise do ‘fenômeno’ dos best-sellers,
do cinema e da TV é algo de uma destreza e sagacidade crítica incrível. Belíssima
reflexão literária, que não deixa de ser filosófica. Aliás, outra
característica da obra, a filosofia de mãos dadas com a literatura e, por
Rogel, tão bem elaboradas, apesar de serem áreas distintas e independentes.
Aprecio
e recomendo a todos os amantes das boas letras o Novo Manual de Teoria Literária de Rogel Samuel, obra que já algum tempo é familiar ao meio acadêmico. Trabalho bem elaborado e fundamentado, e
que deriva de pesquisas do autor nos Estados Unidos, na França, e,
principalmente, no Canadá, na University
of British Columbia. E se alguém me
disser como é estranho como estou sempre elogiando os livros de meus amigos, ao
que, prontamente, respondo: entende-se, pois sujeitos que escrevem livros ruins
não se encontram entre os meus amigos.
Um comentário:
obrigado pela leitura, amigo
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