Verve do amor é a
poesia
versa o poema
conserva
amor sem verve não
ferve
com quem poema
conversa
Clodomir Monteiro
Acerca de sua poesia Mário Chamie já afirmou: “Uma das revoluções
básicas da poesia praxis é, justamente, a instauração da paródia interna no
corpo da palavra e do poema. Clodomir Monteiro realiza essa paródia, pela qual
o poema diz o que não está escrito e escreve o que não diz. Uma dicção
ambivalente como o próprio transcurso da realidade.”
Sem mais delongas, pois um poeta da envergadura de Clodomir Monteiro
dispensa bajulações e floreios. Sua obra fala por si só.
O QUARTO LADO DA VIDA (***)
Clodomir Monteiro
me mando pro mar das bermudas
vestindo casaco e na proa
sou parte anterior desta nau
não falo se olho me penso
dormindo no musgo do casco
mergulho na linha do som
pretendo afundar os três cones
sumindo nos vãos de meus dedos
são furos na água do nada
se sopro sedentro de ar
percebo meu mastro agitado
sem nada na onda que anda
se finjo renascer de um boto
rosando regaços de virgens
são penas que apenas depeno
roendo memória de amigos
retiro o casaco e me abraço
navego eu andor da existência
resisto descer ao convés
reato os três lados da barca
não sei se já vou ancorar
o barco de quem me decifra
no quarto lado navega
vestindo casaco e na proa
sou parte anterior desta nau
não falo se olho me penso
dormindo no musgo do casco
mergulho na linha do som
pretendo afundar os três cones
sumindo nos vãos de meus dedos
são furos na água do nada
se sopro sedentro de ar
percebo meu mastro agitado
sem nada na onda que anda
se finjo renascer de um boto
rosando regaços de virgens
são penas que apenas depeno
roendo memória de amigos
retiro o casaco e me abraço
navego eu andor da existência
resisto descer ao convés
reato os três lados da barca
não sei se já vou ancorar
o barco de quem me decifra
no quarto lado navega
(***) obs: este poema
completo contém sua repetição. Sendo escrito a partir da leitura de baixo para
cima, incluindo o título (que ficaria no fim do poema). Sugiro que esta leitura
de baixo para cima, o leitor deve fazê-la para sugerir a navegação que me decifra
(a mim que é também o próprio leitor lendo-se).
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Abaixo o link do blog O QUARTO LADO DA VIDA, de
Clodomir Monteiro, disponibilizado ao público hoje. Aí poderão ser saboreados
outros poemas do autor.
Abraços poéticos!
Isaac Melo
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