“A realidade não interessa as pessoas. Não adianta mostrar nada de real
para elas. Elas sempre vão encarar tudo como ficção. Para quê perder tempo
interpretando a realidade para as pessoas entenderem? Só para fingir que eu
entendo melhor? Melhor só registrar os fatos e deixar a interpretação para
depois. Assim pelo menos posso fingir cada vez de uma forma. Cada vez arrumar a
realidade de um jeito, de acordo com o poder do momento. Ou nunca interpretar,
o que seria perfeito. Registrar os fatos, nada mais.”
CRONICAMENTE INVIÁVEL (1999), filme de Sérgio
Bianchi.
“Como documentário é falso. Não há uma só
cena que não tenha sido encenada. Dessa sucessão de cenas autônomas sai o mais
lúcido e cruel retrato que o cinema brasileiro fez do País nos últimos anos.
Bianchi investe contra a hipocrisia social e o mito de harmonia racial que
somente serve para mascarar a tragédia brasileira. No tempo da ditadura
dizia-se que este era um país que ia para a frente. Alimentam-se hoje outras
fantasias aquilo que o diretor chama de clichês esquizofrênicos, otimistas e
cínicos.” ZAZ Cinema
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