Para
Selvino Assmann (em memória)
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Censura ao corpo!
Esconde o corpo!
Camufla o corpo!
Pinta o corpo!
Veste o corpo!
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Elimina com tiros e
facadas
degola
fatia
estripa
estraçalha
estilhaça
queima
enterra
maltrata
tortura o corpo!
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Comer corpo!
Mastigar corpo! Ruminar corpo! Vomitar corpo!
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Todos contra o
corpo!
Todo alvo é o
corpo!
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Ponto final, termo,
ocaso do corpo!
Morte ao corpo!
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Quando corpo é tudo
e mais nada
para quem outra
coisa não dispõe
na vida.
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30/09/2017
O INTERDITO
SOBERANO
o quase poema
canalha dedicado aos imbecis inteiros
Pode destruir a
natureza?
Vendê-la a qualquer
preço ou a preço nenhum?
Pode explorar até o
talo a mão-de-obra humana?
Pode explorar a fé
alheia?
Passar fome, passar
frio, ser triste, não ter esperança?
Pode ser enganado,
trapaceado?
Pode inferiorizar
pela cor, pela dor?
Pode matar? Pode
matar? Pode matar?
Pode roubar o
dinheiro público?
Ser enganado pelo
político populista?
Pode mostrar a mão?
Pode mostrar o
braço? Pode mostrar as pernas?
Pode mostrar as coxas?
Pode mostrar as costas?
Pode mostrar a
cabeça? O cabelo pintado?
As partes da mulher
em qualquer propaganda?
Seios, beiços,
virilhas, bundas, pelos e não pelos rachados?
Os dentes, o
sovaco, o nariz, as orelhas, as sobrancelhas, as pálpebras, as unhas, os dedos,
os pés, a boca molhada?
Pode mostrar a
cobrar morta?
Pode mostrar tudo
isso e ainda o rosto?
- Pooooode!!!!!!!
E o que não pode?
- Mostrar o pau!
30/09/17
O MEU GRITO DE
EDVARD MUNCH
Hoje eu acordei
surdo de um nariz
Isto seria quase
meia verdade
Não tivesse visto o
latido da TV
Repetidamente
calando sentidos
Com as
ensurdecedoras onomatopeias:
- Lava-jato!
Lava-jato!Laja-jato!!!!
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